Michnê Torá de Rabi Mochê ben-Maimon

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Grandes Figuras do Judaísmo Hispano-Português

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|Rabi Iossef de Efraim Caro|

Um dos maiores legisladores de halakhá, escreveu o Chulĥan 'Arukh, reunindo nele todas as leis que são as correntes em nossos dias, quando não temos o Templo e as leis concernentes a ele não são praticadas em sua maioria, especialmente as que tem a ver com pureza e impureza.

Há, porém, quem diga que Rabi Iossef Caro escrevera seu compêndio de halakhá citado especialmente com a finalidade de ajudar às comunidades achkenazitas, que já muito antes de sua época distanciaram-se demasiadamente da halakhá talmúdica, perdendo-se em seu emaranhado de "minhagim" ("costumes"), chegando ao ponto de em certa comunidade permitirem os rabinos o comer do sebo que cobre o estômago dos animais, sobre o qual incorre-se em pena de morte espiritual pela Torá (-veja-se o livro intitulado "Iĥussê Tanaím veAmoraím", de Rabi Iehudá ben-Rabi Qolonimus, pág. 358 acerca deste caso de permissividade por motivo do costume comunitário, e o livro "Sêfer ha-Minhagim" de Rabi Isaac Tirna, em seu prefácio" - e, este caso é trazido somente por exemplo), pelo que escrevera em resposta para uma comunidade que perguntava sobre "que diria o grande sábio acerca de mudar uma comunidade sefardita de viver de acordo com o Michnê Torá de Rabi Mochê ben-Maimon" - (até a época de Rabi Iossef Caro todos os sefaraditas do mundo seguiam o Rambam ao pé da letra, orgulhando-se disto) que "toda a Espanha e Portugal (Sefarad), norte da África, Terra de Israel e 'Arabistan' (países árabes) - que não deixem e nem se deixem forçar a deixar de cumprir a halakhá de acordo com o Michnê Torá, pois o Rabi Mochê não só é o maior dos legisladores de halakhá pós-talmúdicos, senão também o maioral entre os sábios da Terra de Israel, sendo que todo o mundo deve ouvi-lo". - (resposta trazida no livro de responsas Abqat Rokhel siman 32).

Rabi Iossef Caro nasceu na Espanha no ano 1488, e ao contar com quatro anos de idade foi expulsa sua família, chegando a Portugal, daí para muitos outros lugares, até chegarem à Turquia, onde se estabeleceram na cidade de Constantina.

O princípio de seu ensino recebeu de seu próprio pai, que era grande sábio e o qual lembra muitas vezes Rabi Iossef Caro em seus escritos no livro "Bet Iossef". Após o falecimento de seu pai, transferiu-se para a casa de seu tio, Rabi Isĥaq Caro, que adotou-o por filho.

Ainda muito jovem tornara-se Rabi Iossef Caro famoso por sua sabedoria e profundo conhecimento em todos os setores da Torá e já dirigiam-se a ele com perguntas em questões problemáticas de halakhá.

Transferiu-se de Constantina para Andrinópolis, onde tomou por esposa a filha do ĥakham Ĥaim Abalegh, e nesta cidade ergueu um centro de estudo de Torá. À idade de 34 anos principiou a compilação de seu grandioso e famigerado livro "Bet Iossef", no qual reúne todos os grandes sábios pós talmúdicos em suas diversas opiniões sobre leis e situações diversas e problemáticas em questões de halakhá, e seu resumo para memorização, o qual chamou pelo nome de "maginê Ėres" ou "Chulĥan 'Arukh", que como o tempo, passou a ser o principal para rabinos e pessoas em particular, tomando o lugar oposto em importância segundo o que ofi a intenção do próprio autor. O "Bet Iossef" foi compilado para facilitar o acesso de rabinos às diversificadas opiniões rabínicas, facilitando às pessoas em geral o acesso à fonte no Talmud, dando ao final o parecer pessoal do autor.

Seu livro foi recebido com muito antagonismo por muitos sábios da época, tanto sefarditas e judeus orientais, como achkenazitas, e principalmente estes últimos, especialmente os alemães e os poloneses, pois segundo seu parecer Rabi Iossef Caro quase sempre decidiu a halakhá de acordo com o parecer de um dos grandes sábios sefaraditas, raramente pendendo a balança para algum grande sábio dos achkenazitas, desfazendo-se da "tradição de nossos sábios francesa e alemães".

Seus principais críticos foram os rabinos Chelomo Luria (conhecido como "maharshal"), e Meir de Lublin ("moharam") Mordekhai Iafê ("ba'al ha-lebuchim"), e de todos destaca-se sobremaneira rabi Mochê Isserles (conhecido como "ramá"), que escreveu sobre o "Bet Iossef" o livro "Darkê Mochê" e sobre o "Chulĥan 'Arukh" o "Mapat ha-Chulĥan", trazendo os costumes segundo os quais procedem os achkenazitas em seu dia a dia, que são aceitos como sendo halakhá, além das conclusões dos sábios franceses, que segundo o ponto de vista sefardita, utilizaram-se do sistema do sofisma para o campo de halakhá, quase sempre trazendo o leitor a entender o texto talmúdico por seu seu sentido inverso.

Conforme já anteriormente citado, Rabi Iossef Caro exortara a todos os sefarditas do mundo a seguir como instrutor de halakhá o Michnê Torá, sendo o livro Bet Iossef e seu resumo compilados especialmente para servir de auxílio às comunidades ahkenazitas que, presas a seu mundo de costumes e tradições, distanciaram-se demasiadamente da Lei oral promulgada no Talmud.


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