As palavras aqui com respeito a como deve portar-se o judeu perante
o Criador durante a oração são simples, e mais que isto não encontra-se no Talmud.
Na atualidade, porém, o costume estranho de rezar como se estivesse possesso por maus espíritos, movendo o corpo de um lado a outro ou o corpo todo para frente e para trás, tornara-se algo costumeiro, e não sei por que razão os rabinos não corrigem este feio proceder do público. Dizem que o assalariado às vezes tem medo de abrir a boca, mas quando olhamos em torno e vemos que os rabinos em si são os primeiros a cometer esse erro - perguntamo-nos se os mesmos jamais tentaram entender a realidade da escravidão como se esta ainda fosse comum em nossos dias, pois é impossível imaginar um súdito vindo á presença de um rei com estas vesânias sem que este o condene à morte, ou um escravo que assim comparecesse perante seu senhor.
Esse costume estranho e anormal tem suas fontes nos judeus do leste europeu, e é lembrado entre alguns dos "anussim" no período inquisitorial, ao que tudo indica de origem hispano-setentrional, pois no norte da Espanha houve em determinada época bastante influência asquenazita, alê,m de influência permanente do judaísmo provençal, que eram grandes inovadores de costumes, conforme é sabido.
Rabi Ieruĥam, aluno precípio de Rabi Acher ben-Ieĥiel, este último vindo da Alemanha para a Espanha por ser naquela época o principal centro de estudo de Torá no mundo, escreveu duras palavras contra essa loucura, e isto apesar de ser seu mestre e instrutor - Rabi Acher - asquenazi.
Como se sabe, não há base nem mesmo no Chulĥan 'Arukh para tais movimentos indecentes na oração, e eu me pergunto o porquê de tal coisa. Pesquisando, encontrei certa página em determinado escrito dos ĥassidim (místicos da linha do Ba'al Chem Tov - o livro, se não me foge à memória, é "chivĥê ha-Bech"t") que "é como se estivesse relacionando-se com a chekhiná," - que é a presença de Deus. (Segundo os cabalistas, Deus divide-se em masculino e feminino, e a Chekhiná é a última letra do Tetragrama, indicando a parte feminina de Deus). A meu ver, além de inovação desnecessária, feia e irritante, trata-se de uma aberração admitir tal pensamento dito em nome do Ba'al Chem Tov, que tantas pessoas têm como um santo.
Não entendam os ĥassidim que estas palavras transcritas aqui têm algum motivo anti-ĥassídico. Nada temos a ver com os grupos, nem com este, nem com aquele, senão com o que a Torá ensina, e sem buscar subterfúgios para defender nossos erros apoiando-nos na Torá. Ademais, não cremos que o Ba'al Chem Tov haja dito tal coisa.
Tudo o que dizem que está escrito nos livro dos
Salmos "Kol atsmotai tomarna..." - "Todos meus ossos dirão..." - Sl 35:10 - nada serve para sua defesa, e todo rabino sabe que não somente as regras de estudo dos versículos foram dadas ao Sanedrin, como também a autoridade para legislar citando-os, e todo o que o faça por si próprio, não é mais que simples caraíta, e desconhecedor do sistema legislativo da Torá.
Esperando queestas palavras citadas atinjam a meta - espero dos instrutores de Torá uma verificação deste costume generalizado em nossos dias para que não nos encontremos falhos como nação perante Aquele que nos escolheu para dar-nos sua Lei, confiando que a guardemos fidedignamente.
(o tradutor)