Neste incunábulo, não irei diretamente ao assunto, pois antes cabe-me por dever explanar o porquê de esta halakhá não encontrar-se nos livros comuns impressos.
E aqui, empeço:
Ainda em nossos dias os judeus em geral - e, mesmo grandes rabinos - temem reeditar os livros com os trechos deles ablados pela Igreja, sem que haja uma explicação lógica por parte da mesma acerca do direito concedido a ela para agir assim. Felizmente - esta tradução é efetuada a partir de textos originais, segundo os que constam em antigos palimpsestos iemenitas, equiparados aos pergaminhos que se encontram em Oxford - Inglaterra. Além do que, a tradução é efetuada por alguém a quem a Igreja deve o sangue e o corpo de seus antepassados, queimados nas fogueiras em Portugal, após dezenas de anos nos ultra-recônditos ergástulos subterranos, onde os museus hoje, e os acervos documentários revelados ao público por historiadores vários, trazem perante todos a perfídia do "amor de Cristo" nos suplícios que precediam a morte na fogueira, em cujas torturas os olhos eram queimados, os membros separados do corpo, os músculos das pernas e dos braços eram queimados por fricçao de cordas em movimento, amarradas sobre as mesmas, cortando por fricção até chegar aos ossos, e muitas outras - pelo que muitos morreram ainda antes de chegar à "ígnea purificação" cristã da "alma pecaminosa", especialmente reservada para hebreus - desde 1497, quando antepassados foram desterrados do território espanhol, onde deixaram todos seus bens, riqueza que causava inveja ao próprio trono, provando ao mundo que os judeus não são os avaros que o mundo insistiu e ainda insiste em crer que são, quando êxules, buscaram apenas a liberdade como refugiados, contanto que pudessem continuar em sua fé hebraica, sobre a qual testifica também a Bíblia cristã - após servirem os reis da Espanha em Castela - cambiando seu nome de família em Portugal, com o batismo compulsório, pelo que não necessito temer represálias, pois o valor de meus antepassados ainda corre em minhas veias, e minha fé é a mesma deles, e com o mesmo fulgor. Tampouco rabinos ou personalidades judaicas que porventura venham alertar-me acerca da petulância de traduzir o que somente acha-se em antigos palimpsestos, em acervos arquivados, - temo, pois segundo a fé herdada de meus antepassados - que precisaram transmití-la e inculcá-la em segredo durante os últimos quinhentos anos - pela qual deram a vida nas fogueiras muitos de meus antecedentes, em lugar de aceitar o ignominioso labéu da cruz, devemos temer unicamente Àquele que proferiu, e o mundo se fez. Além do mais, nossa é a obrigação de abrir os olhos à humanidade, dispostos sempre a dar a vida pela verdade. A fé cristã católica se prende ainda a ídolos greco-romanos, estátuas, pessoas que morreram e, segundo crêem em sua admirável pacovície - "passaram para um mundo onde se transformaram em santos, e até mesmo suas imagens tem poder", e tal beatitude se dá a perceber em suas caras plangentes e sorumbáticas, que se não fosse eu judeu, e não soubesse de que se trata, choraria também só de fitá-los, por tão inefável plangência. Pouco importa-lhes quantos judeus culminaram nas fogueiras - ou quantos índios foram assassinados, sem que seja necessário dizer - violações de jovens índias - para que sejam canonizados, ou "tidos como santos", como há um caso brasileiro perfeitamente conhecido dos historiadores, sem distinguir a fé professa por tais transmissores da verdade histórica da "Terra de Vera-Cruz". A fé em um "deus que ao mesmo tempo que é um, são três", ou ainda "em um deus-família", a exemplo da trindade egípcia: "Osíris, Ísis e seu filho - Amon-Ra" - vultos de deidades que se repetiram na história entre os babilônios, gregos e, posteriormente - entre os próprios romanos, mudando apenas de nome, que ainda figura em alguns grupos esotéricos de origem egípcia no momento da iniciação figurados como "O sol, a lua e o instrutor" - que o pobre iniciado - vendado - nada sabe da veraz conexão, acerca da qual só aprenderá muitos anos mais tarde - dera lugar para a trindade cristã, mesclada de grande quantidade de crenças e religiões do império greco-romano, muito embora em virtude de alguns de seus filósofos - perdesse aquela antiga ciência mística egípcia mística dos sábios e adivinhos do Faraó, que certa seita reprimida por um dos papas representava e tentou remodelar o cristianismo segundo suas origens - os Templários. O crer que Deus pode ser mais de um, ou mesmo crer que Deus é "um" de acordo com a ordem numérica, ou segundo seus substratos, é limitar a Deus - e simplesmente não seria Deus. Isto é também uma forma de idolatria, mesmo em não se tratando de um deus-família. A única forma de fé reconhecida como não idolátrica pelo judaísmo é o Islam - apesar de muitos heterodoxos e vários profundos conhecedores da Torá - hipócritas - afirmarem serem "três as religiões monoteístas" - e, apesar de o Islam não reconhecer nossa Torá, afirmando seus adeptos suas afirmações absurdas de que "nós a transformamos para não reconhecer seu profeta", é o Islam a única religião monoteísta além do judaísmo. Os primeiros - continuam revolvendo-se nas espurciciosas idéias e formas cultuais e culturais pré-cristãs do vasto império - dos quais herdaram até mesmo o "idioma-sacro" - a língua do Lácio.
Jacob de Oliveira
da família judaica-castelhana
que ao trasladarem-se para o reino vizinho
passaram a chamar-se
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