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Expandiu-se por todo o povo durante o longo exílio a
pronúncia da letra "pê" quando leva "daghech"
a equivalência ao "p" das línguas ocidentais,
algo difícil de aceitar, pois o Talmud ordena
(tal e qual traz aqui Rabi Mochê ben-Maimon) que deve
a pessoa ao recitar o "Chemá'" dar um espaço de tempo
para que a última "p" de kanaf (cujo som é "f")
não desapareça ao juntar-se com a primeira letra de
"petil" - pronunciada em nossos dias como "p".
Algo semelhante ocorre com a letra "bet" com "daghech" e sem
"daghech" nas palavras "'êssebh bessadêkha",
que em nossos dias
se diz "'êssev bessadêkha". Como se vê,
não há possibilidade que seja engolida
a pronúncia de uma
pela outra em ambos os casos.
Não há como o "f" desaparecer
por razão do "p",
nem do "v" por razão do "b".
Foi o que levou o Gaon de Vilna
a escrever em seu comentário sobre
os Tiqunê Zôhar Ĥadach que a
pronúncia da letra "b" correta é a sefardita,
que não transformam-na em "v",
senão fazem-na um "b" mais
fraco.
Todo estudante pesquisador percebe que a maioria dos problemas
que há em determinadas letras nos idiomas antigos
dá-se devido às mutações transcorridas
nas línguas clássicas ocidentais (grego e latim),
e nas transliterações de nomes próprios a estas
línguas no período greco-romano. Assim a "waw"
hebraica fora transformada em "v" quando a letra "V" do
latim foi dividida na escrita, passando ao uso a forma "U"
nos casos em que esta fosse vocálica, perdendo a letra hebraica
o puro sentido consonontal que ainda tem a "waw" árabe.
Porém, no que concerne ao caso da letra "pê"
hebraica original - perceberá o leitor dado às pesquisas e
estudos de idiomas do passado que
em latim antigo o som "ph" não
era exatamente "f", como comumente se pensa na atualidade,
senão um som intermediário entre "f" e "p",
conforme cita o professor de latim e filologia castelhana
Rodolfo oroz, em seu curso de latim clássico
ou restitiuído, em espanhol, editado pela
Editorial Kapelusz - Buenos Aires
(nona edição de 1959 - v. pg. 2, sobre as consoantes).
Se entendemos que a "pe" hebraica tinha este som, e que jamais tivemos
o som sonoro da "pe" - assim como
não têm os árabes - além de
que a letra pronunciada
como tal ainda se acha entre grupos
cristãos de língua
aramaica-siríaca, bem como em alguns
idiomas mais afastados dos semitas,
mas ainda pertencentes á
região mediterrânea,
facilmente poderá aceitar como óbvia
a explanação trazida aqui.
Ademais, é a única forma de ser entendida sem problemas
a página talmúdica mencionada, que decide a halakhá
trazida aqui.
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