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No final do tratado Roch ha-Chaná fica bem claro que há obrigação que a reza seja decorada. No período de nosso Templo em sua pujância e em seu esplendor, toda criança aprendia todas as orações, seja de dias comuns, seja de chabat, seja dos festivais, sem necessidade de livro.

No período dos gueonim babilônios, diversas comunidades no mundo escreveram-lhes, pedindo um sidur (livro de orações) escrito. Logicamente, a meta era unificar os costumes variados que empeçaram a surgir, especialmente na franco-Provença. Jamais houve a intenção de que o povo rezasse segurando o livro em sua mão, conforme fizera-se costumeiro em nossos dias, mesmo nos ambientes mais ortodoxos.

Três sidurim em épocas diferentes chegaram á Espanha e França, dos quais com o tempo desenvolveram-se os distintos ritos asquenazitas, sefardita centro-espanhol e meridional.

Os acréscimo exagerados nesses sidurim são perfeitamente sentidos quando alguém abre o sidur do Rambam, por exemplo. O sidur original facilmente pode ser decorado por qualquer pessoa, o atual, somente por pessoas especialmente dotadas de memória excepcionalmente fotográfica, se levamos em conta que também é imprescindível que se saiba decoradas também as plegarias de Roch ha-Chaná e de Iom Kipur.

A importância de que o povo volte a rezar segundo as fontes foi muito ressaltada pelo grande sábio europeu, o conhecido gaon de Vilna, que nem sequer recitava o "Lekha Dodi", por não fazer parte do sidur, originalmente. Este poema cabalístico de autoria de Rabi Chelomo Al-Qabets, tornara-se "parte" das rezas de entrada de chabat entre os judeus de todas as ramificações; e, como este, muitos outros poemas foram adscritos ao sidur, especialmente nos festivais, de autoria de diversos rabinos e poetas que, caso fossem perguntados em vida acerca do adscrever seu poema às orações, não resta-me a menor dúvida de que seriam esses os precípuos opositores, pois de um em um chegamos já a dezenas de poemas que só causam fastídio e o cansaço desnatural do público, cujos membros geralmente não são doutos, e pensam serem obrigados a recitar tudo o que encontra-se transcrito nos modernos livros de oração.

Pede-se que pequenos grupos judaicos, especialmente os jovens, organizem grupos de oração segundo os antigos padrões: exatamente o que a halakhá nos obriga, sem nada adscrever. Tenho certeza que no momento em que chegarem à 'amidá poderão orar muito mais contritos, calmos e concentrados, pronunciando palavra por palavra sem precisar de livro algum.
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