Todo o Michnê Torá | Voltar | Glossário

Capítulos:
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 12 | 13 | 14 | 15 | Todo o Livro

Capítulo 11

01 Todo local no qual habitem dez israelitas, é necessário que seja nele erigida uma casa no qual entrem para rezar em toda época destinada à oração. Tal lugar é o chamado sinagoga. Obriga-se aos habitantes da tal cidade que construam para si uma sinagoga, e que comprem um Sêfer Torá, Neviím e Ketuvim.

02 Ao construírem (*) uma sinagoga, não constroem-na, senão no lugar mais elevado da cidade, segundo está escrito: "Do alto dos muros clama..." - Pv 1:21. E, elevam [a altura da sinagoga] até que seja mais alta que todos os edifícios da cidade, pelo que está escrito: "...a fim de elevarmos a Casa do nosso Deus..." - Es 9:9. E não se faz os portais da sinagoga, senão para o oriente, pelo que está escrito: "Diante do tabernáculo, para a banda do oriente..." -Nm 3:38. Constrói-se dentro dela um palacete, onde depositam o sêfer Torá, e este é colocado no local em cuja direção oram, de acordo com a cidade, para que estejam as faces voltadas em direção desse hekhal quando se achem de pé em oração.

03 Levanta-se ao centro da casa um estrado, para que a ele suba o que lê a Torá ou quem diz ao povo palavras de repreensão, para que ouçam todos. Ao construirem a tevá, colocam-na no centro [desse estrado], e a parte posterior da tevá voltada para o hekhal, e sua frente para o público.

04 Como se assenta o povo na sinagoga? - os anciãos assentam-se com o rosto voltado para o povo, e suas costas em direção ao hekhal. Quanto ao público, assentam-se por filas, cada uma na frente da outra, estando sempre a face de uma fila para a que se acha adiante, até estarem as faces todas direcionadas à [arca] sagrada, aos anciãos e à tevá.

05 Sinagoga e bet ha-midrach, deve-se portar com relação a eles com respeito, varrendo-os e limpando-os [sempre]. O costume dos judeus na Espanha, no ocidente, em Sinear e na Terra de Israel, é manter acesas lâmpadas [de óleo] nas sinagogas, e estender pelo chão tapetes para servirem de assento. Nas terras de Edom, assentam-se [os judeus em suas sinagogas] em bancos.

06 Sinagoga e Bet ha-Midrach não se pode agir em seu recinto desreipeitosamente, com brincadeira, gracejo e conversa vã. Não é permitido neles comer ou beber, nem se enaltece através deles, nem se passeia neles. Não entra-se neles para fugir do calor do sol, nem tampouco para abrigar-se da chuva. Quanto aos sábios e a seus alunos, estão permitidos comer neles, em casos extremos.

07 Não se faz neles cálculos, a não ser cálculos de preceitos. Não se realiza neles hêsped, a não ser hêsped público, como no caso [de falecimento] dos maiorais dentre os sábios da cidade, por causa dos quais todo o povo se reúne e vem [à sinagoga e ao bet midrach].

08 Caso a sinagoga ou o bet ha-midrach disponha de duas entradas, não pode-se fazer deles caminho para entrar por uma e sair pela outra, no intento de encurtar o trajeto, pois é proibido entrar neles a não ser por cumprimento de preceito.

09 A pessoa que precisar entrar em uma sinagoga para chamar um menino ou a um amigo, que entre e leia um pouco, ou diga alguma chemuá, e somente depois chame a seu amigo, para que não se ache entrando somente por seus desígnios. Caso não saiba, diga a algum menino: "Lê para mim o verso que lês [para ti mesmo]!", ou espere um pouco dentro da sinagoga, e depois saia, pois a [simples] estadia no recinto é das ocupações preceituais, como está escrito: "Felizes os que habitam em Tua Casa..." - Sl 84:5.

10 Quem haja entrado para ler ou para orar por uma porta, pode sair pela outra, encurtando o caminho. E é permitido que entre ao recinto da sinagoga com seu cajado, [calçado] com seus sapatos e com sua afundá. Caso sinta necessidade de cuspir, é permitido fazê-lo na sinagoga.

11 Ruínas de sinagogas e de batê midrach permanecem em sua santidade, como está escrito: "...e assolarei os vossos santuários..." - Lv 26:31 - Mesmo quando assolados, continuam em sua santidade, e da mesma maneira como deve-se portar para com eles quando estão erguidos, também fá-lo-á quando destruídos, exceto varrer e limpar, pois não se varre nem se lava [as ruínas]. Se cresceu neles o mato, não pode tirá-lo; e, se alguém [outro] tirou-os, deve-se colocá-los onde se achavam, para que o povo veja, desperte seu espírito e esforcem-se por reconstruí-los.

12 É proibido destruir uma sinagoga para construir outra em seu [mesmo] lugar, ou em outro. Mas, pode-se construir outra, e depois destroem a anterior, pois talvez ocorra algo forçoso, e não construam. Se uma das paredes caiu, constrói-se [outra] nova ao lado da antiga, e [somente] depois destroem a antiga.

13 Em que caso [é assim que deve-se proceder]? - quando seus fundamentos não se desmoronaram. Mas, no caso de acharem-se desmoronados, ou que entornaram-se suas paredes [em decadência] prestes a cair, deve ser destruída imediatamente, e começa-se sua reconstruição ao dia e à noite, para evitar que o tempo se vá sem que haja sido reconstruída.

14 É permitido transformar uma sinagoga em bet midrach, mas bet midrach não pode ser transformado em sinagoga, por ser a santidade do bet midrach mais elevada que a da sinagoga, pois [a regra é que] transfere de uma santidade menor para uma maior, e não o contrário. Os cidadãos de determinado local que venderam uma sinagoga, podem comprar com o pagamento uma tevá; se venderam uma tevá, podem comprar com seu pagamento lenços ou invólucro para o sêfer Torá; se venderam lenços ou invólucro, podem comprar, com seu dinheiro, ĥumachim; se venderam ĥumachim, podem comprar sêfer Torá. Mas, se venderam um sêfer Torá não podem comprar com seu dinheiro senão outro sêfer Torá, pois não há santidade maior que a do sêfer Torá. Assim, [deve-se proceder] com as demais coisas [da sinagoga e do bet midrach].

15 Similarmente, em caso de arrecadamento de meios pecuniários para a construção de um bet midrach ou de uma sinagoga, para a aquisição de uma tevá, lenços ou invólucro, ou para a aquisição de um sêfer Torá, não podem mudar todo o arrecadado, senão de santidade menor para santidade maior, mas se fizeram conforme o que pretendiam com o arrecadado, e sobrara, podem comprar com a sobra o que quiserem. Todo utensílio da sinagoga, é [em concernência à santidade] como a [própria] sinagoga. A cortina da arca onde se deposita o sêfer Torá, é [equivalente em santidade] aos lenços do sêfer Torá. E, caso hajam-lhe imposto condição [ao fazê-los ou adquirí-los], são de acordo com a condição.

16 Em que caso pode-se vender uma sinagoga? - em tratando-se de sinagoga de aldeia, a qual construíram em dependência dos aldeões [locais], para que seja-lhes para local de oração, e quando quiserem vender, que possam fazê-lo. Mas sinagoga de grandes centros, por haver sido construída para todas as pessoas do mundo, que todos os que vêm à [tal] cidade possam vir a rezar ali, foi feita como pertencente a todo o povo de Israel, e não pode ser vendida eternamente.

17 Aldeões que quiseram vender a sinagoga, ou construir com seu valor outra sinagoga, ou comprar tevá ou sêfer Torá, precisam colocar condições ao comprador, que este não faça dela casa de banhos, nem "bursaqi" - que é a casa de curtimento de peles, nem casa de tevilá, nem casa da água. Se [já anteriormente] fizeram sete tuvê ha-'ir que poderá fazer o comprador tudo isto, é permitido [que o faça].

18 Semelhantemente, se os sete tuvê ha-'ir condicionaram em presença dos cidadãos da tal cidade sobre o dinheiro que seja ĥulin, assim será. Ao construírem com esse dinheiro outra sinagoga, ou comprarem tevá, lenços e invólucro, ou rolos da Torá, ou ĥumachim, o que restar está conforme sua condição: ĥulin. Com ele podem fazer o que desejarem.

19 Assim também se aceitaram sobre si todas as pessoas da cidade ou sua maioria uma única pessoa sobre si, tudo o que este fizer está feito, e ele pode vender e comprar por si mesmo, de acordo com sua visão, condicionando conforme achar correto.

20 Assim como podem eles vender uma sinagoga, podem também dá-la por presente, pois se o público não tivesse prazer em presentear tal regalo, não o dariam. Mas, não se pode alugá-la, nem tampouco colocá-la como garantia. E, ao destruir sinagogas para reconstruir, é-lhes permitido vender, trocar e presentear os tijolos, a madeira e a areia delas. Porém emprestar está proibido, pois a santidade não se vai delas senão por seu valor pecuniário; ou pelo prazer, que é comparado a valor.

21 A praça da cidade, apesar de o povo rezar nela nos jejuns e nos ma'amadôt, por ser o aglomerado exacerbadamente grande, e não há espaço suficiente no recinto da sinagoga, não há nela santidade, nem foi designada para local de oração [pelo motivo de rezarem lá nestas ocasiões], por ser algo transitório, sem que seja destinado para tornar-se local de reza [pública]. O mesmo com respeito às casas e aos pátios, onde o povo costuma reunir-se para rezar: não têm santidade, por não haverem sido dedicados tão somente à oração, senão por mero acaso rezam nele, assim como a pessoa particular que ora em sua própria casa.


Todo o Michnê Torá | Voltar | Glossário

Capítulos:
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 12 | 13 | 14 | 15 | Todo o Livro
Alguma pergunta? Consulte-nos!